18 de mai. de 2011

RIO - O secretário estadual de saúde, Sérgio Côrtes, disse neste sábado que, caso os guarda-vidas que estão em greve não retornem ao trabalho até terça-feira, poderá contratar temporariamente guarda-vidas civis para atuar nos postos de salvamento.

O secretário percorreu neste sábado os postos na orla do Rio e dois hospitais de campanha que foram instalados nas praias de Ipanema e São Conrado no fim de semana para o atendimento de afogados.
A Secretaria de Saúde também convocou oficiais bombeiros e guarda-vidas, além de pessoas que trabalham no setor administrativo Gmar, para ocupar os postos de salvamento.

Já o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Pedro Machado, disse que 25% dos guarda-vidas já retornaram ao trabalho. Ele está fazendo uma convocação para que os grevistas retornam ao trabalho até segunda-feira.

Prisão decretada

Com a greve dos bombeiros nesta semana, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, decretou nesta sexta-feira a prisão preventiva dos líderes do movimento da paralisação. O major Luiz Sergio Lima, os capitães Alexandre Machado Marchesini e Lauro César Botto, o 1º sargento Valdelei Duarte e o cabo Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos são acusados de incitamento à prática de outros crimes militares, como descumprimento de missão, deserção e recusa de obediência.

"A prisão se dá pelo incitamento à prática de crimes militares e exposição da população carioca e fluminense até mesmo a risco de morte, e não pelo simples fato da greve em si, e muito menos pelo fato de lutarem por melhores condições de trabalho e salários", destacou a juíza, em nota.

Antes de saber que estava com a prisão decretada, Duarte disse que não se sentiria responsável por possíveis casos de omissão de socorro por afogamento nas praias:

- A responsabilidade é do governo, que não nos atende, nem para dialogar. Por isso, pedimos à população que não vá à praia neste fim de semana.

Na noite desta sexta-feira, os grevistas seguiram em passeata em direção pela orla da cidade até a porta da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon. Segundo o 1º sargento Valdelei Duarte, um dos porta-vozes do movimento que culminou na greve de guarda-vidas do Corpo de Bombeiros, os manifestantes revindicam diálogo com o governo do estado para pedir piso salarial de R$ 2 mil para os guarda-vidas, entre outras demandas. A Secretaria de Saúde e Defesa Civil já adiantou que não dialogará com o movimento enquanto a greve persistir.

Os autos do inquérito policial militar mostram que os acusados que tiveram a prisão preventiva, através de um movimento que, inicialmente, visava buscar por melhores condições de trabalho e melhorias salariais, passaram a promover o incitamento de outros militares, particularmente os bombeiros militares dos Grupamentos Marítimos, a cometerem diversos crimes militares. A juíza acolheu a representação do Sub-Corregedor Interno do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio, ratificada pela promotora Isabela Pena Lucas, da 1ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar.

"Os militares aderentes ao movimento vêm abandonando suas funções de defesa civil, deixando exposta a população carioca e seus visitantes, que, por exemplo, nas praias, como tem sido noticiado em toda a mídia, não têm contado com a imprescindível presença dos guarda-vidas do G-Mar, sujeitando a risco de morte os seus freqüentadores", disse a juíza, em nota.

A magistrada reconheceu a legitimidade das reivindicações dos militares, que merecem condições de trabalho dignas e salários compatíveis com a importância de sua função, mas ressaltou que tal fato não pode se sobrepor à vida do cidadão:

"Ante o exposto, a prisão dos 'organizadores' do movimento mostra-se imprescindível à garantia da ordem pública e para a manutenção dos princípios da hierarquia e da disciplina militares, que se encontram ameaçados", completou.
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