19 de fev. de 2011

Um salvamento a cada 12 minutos na orla do Rio

Bombeiros suam a camisa para evitar tragédias no mar e conquistam banhistas

Rio - Praias lotadas e sol forte não são só sinônimo de diversão no agitado verão carioca. Domingo passado, só em Copacabana, os bombeiros suaram com a média de cinco salvamentos por hora, equivalentes a 1 a cada 12 minutos. A área mais perigosa fica entre os postos 2 e 3, devido à maior concentração de banhistas. Vários pontos da Barra também estão entre os mais arriscados. As vítimas são, na maioria, rapazes entre 16 e 25 anos, “com excesso de confiança”, segundo os salva-vidas, que acabam conquistando não só a gratidão dos resgatados como o coração das banhistas.


“O pessoal acha que os locais de ondas menores são mais seguros, independente da placa proibindo o banho. Só que ali geralmente há correnteza e valas. É melhor mergulhar onde há banco de areia”, pondera o coronel Cláudio Nicácio.


Mesmo com o perigo, os incansáveis heróis do mar já são responsáveis por uma redução considerável no número de afogamentos no Rio. Enquanto em 2009 foram registradas 22 mil ocorrências e 20 mortes em todo o estado, em 2010, os números caíram para 16.375 e 10. Os três meses do verão concentram 40% dos incidentes.


Da lancha, o tenente Felipe, que há dois anos trocou o fogo pela água, observa a praia de Copacabana: ‘Somos chamados quando o acesso é difícil’
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia


“Chego aqui às 6h e só vou embora às 20h. O dia é agitado, a gente acaba sendo segurança de tudo que acontece na praia: criança perdida, roubo, gente passando mal, brigas, esportes que incomodam os outros. Enquanto salvamos alguém, às vezes já tem outro pedindo ajuda”, conta o bombeiro Hiorran Matos, 20 anos. “O bom é que as pessoas salvas ficam agradecidas e voltam para conversar. Tem também muita mulher dando em cima, dizendo que vai se afogar para gente salvar”, diverte-se.


Para a colega Amara Mesquita, 26, a parte mais difícil é encarar o inverno na areia: “Ficamos sozinhos. Não tem ninguém para conversar”. Ela pelo menos conta com o apoio do namorado ciumento, que, segundo ela, faz visitas-surpresas para ‘patrulhar’ seu trabalho.


Crianças são 15% dos afogados


Os pais precisam ficar atentos: até 15% dos afogados são crianças. Além disso, em dia de praia cheia, estima-se que 1.200 menores se percam dos pais na Zona Sul, Barra da Tijuca, Recreio, Grumari e Barra de Guaratiba. No ano passado, foram mais de 15 mil crianças perdidas em todo o estado.


Na tarefa de vigiar, os responsáveis contam com a ajuda dos 1.200 bombeiros do estado. Eles têm à disposição três helicópteros e 10 lanchas. Algumas delas pilotadas pelo cabo Ramon Rangel, 30, e o 1º tenente Felipe Machado, 31, que trocou o fogo pela água há dois anos. “Somos chamados quando o acesso está difícil ou a vítima está em estado grave”.




MERGULHO


Não mergulhe em grupo. Se todos caírem numa vala juntos, o resgate será mais difícil. Respeite as placas na orla.


BEBIDA


Evite abusar de bebida alcoólica antes ou durante a estada na praia: 15% das vítimas têm sintomas de embriaguez.


CRIANÇAS


Coloque nome e telefone em etiqueta na roupa de banho das crianças ou em pulseiras. Ao chegar à praia, é importante marcar ponto de referência com os filhos.

SOCORRO


Ao avistar afogamento, não mergulhe. Acione o guarda-vidas mais próximo. Ligue 193 caso não haja ninguém. Se estiver se afogando, tente manter a calma, boiar longe da arrebentação e fazer sinal para ajuda